segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

fogo no verso.

taco fogo na minha poesia
e das resinas termoplásticas
um cheiro de verso queimado
polui todo o ambiente
dum habitual enxofre

fosse um poema de lápis
passava a borracha
(muito embora as depressões resultantes da escrita
continuassem denunciando que havia decerto um poema
no braile que ficou escondido)

fosse escrito de computador
colocaria na lixeira
(inodora)
junto com retratos imaginados
programas desatualizados
e arquivos corrompidos

mas não, o poema era de guardanapo
e caneta azul
que não vingou

a árvore foi então desperdiçada
e no fogo da sua queimada
entraram tinta, suor e algodão
em transe com a atmosfera
do já poluido
ar de nossos dias

no fim o poeta caiu
com seu verbo em vão
pois não se faz verso, não
sem a necessária tristeza

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