quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Pericardíase aguda.


Paixão, insônia, inquietação, paixão. A gente tinha tudo pra dar certo: Paixão, insônia, inquietação e paixão. Tínhamos uma vida inteira pela frente, tudo que agora não passe de um "se...", tudo não passa de um poderia ser. O coração? Ainda bate, bate, bate. Mas as noites são eternas, demoradas como filmes chineses, me reviro de febre, insônia, inquietação, suores noturnos, não agüento, meu deus, não agüento. Deus então responde. "Respire", diz com uma voz grave de locutor antigo. Estou respirando meu deus, estou respirando. O que é isso, o que eu tenho, o que me aflige? "Filho, tens uma escavação de volúpia no ventrículo esquerdo, e a parte esquerda do teu coração infiltrada de luxúria!". Então, meu deus, devo ligar pra ela, dizer pra ela que a amo, dizer que ela é a razão dos meus ais, dizer que darei minha vida inteira pelo nosso amor...? "Não", interrompeu deus, grave:

- A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.